Para novos artistas, uma mostra que contempla a arte viva. Esse foi o primeiro passo que fez mover o espanhol David Quiles Guilló a criar uma plataforma de lançamento de artistas, abrindo portas a talentos de vanguarda e a multidisciplinaridade da arte. Das terras espanholas nasceu o Festival Nova, um misto de arte visual, experimentalismo, técnicas contemporâneas e recursos tecnológicos.
A ideia deu certo. De Barcelona, rumou para São Paulo, seguiu para Los Angeles, Rio de Janeiro e agora desembarca, pela primeira vez, em Belo Horizonte. Nesse ano, o Festival Nova, completa cinco edições e acontece simultaneamente no Rio, São Paulo e Barcelona. Na capital mineira, o Nova isegue até dia 27 de maio, dentro do Espaço CentoeQuatro.
Por aqui, a programação contempla instalações e cinema. Sob curadoria do próprio fundador, e em parceria com a Escola Guignard, a mostra investe no processo criativo como própria arte, levando o olhar do visitante à contemplar a realização da obra. “O cronograma inclui o processo criador, mostrando que não existe uma mágica. Não é um museu morto, composto do que sobrou da arte. É evidente que não descarto Picasso, mas a arte viva faz-se necessária”, explica Guilló.
Bem mais que dar espaço a novos artistas, o festival reune formas de expressão distintas, carregado de pretensões que se fazem necessárias – valorizando a arte construtiva e positiva. “Não estamos inventando nada. Estamos reunindo arte que se apoia na felicidade e surpresa, e não estimamos a arte destrutiva que muitos têm se apoiado”.
“O David tem este princípio de oferecer aos visitantes uma mensagem positiva e construtiva na arte. Eu não pensava assim sobre meu trabalho, imaginava que apenas estava construindo críticas às coisas ao meu redor. Além disso, a plataforma do Nova é diferente de outros festivais. Ela não apenas abre um espaço e recebe um trabalho. Ela traz diálogo, troca, (re)conhecimento, reflexão e ação”, comenta o artista visual Shima que traz para o festival a performance “Eu não sei, cê que sabe/Xá comigo, eu que faço”.
De São Paulo, mas residente em Belo Horizonte, o artista visual Shima participa desde o primeiro Nova, que aconteceu em São Paulo, há dois anos. O artista destaca que cada edição chega com uma idéia ampla e oferece a oportunidade de trocar informações com outros artistas. “O trabalho raramente é solitário. O ambiente do festival é de coletividade, união, respeito, e muita alegria. Acho que esse ambiente reverbera nas apresentações, e as pessoas sentem isso. Eu imagino que é por isso que o festival vem ampliando-se a cada edição”.
Entre os chamarizes do Nova em BH está uma reunião de vídeos (de 1972 a 1997) do norte-americano Bill Viola. O festival conseguiu reunir uma retrospectiva de 12 horas de vídeos – entre trabalhos e documentários. “Alguns artistas estão aqui em BH e nas outras cidades também, mas essencialmente são conteúdos distintos”, explica.
Além das performances de Shima e dos vídeos de Bill Viola, o Nova traz a instalação dos espanhóis Penique Productions e de Yoshi Sodeoka (EUA), vídeos do belga Frederik Heynan, do australiano Jonathan McCabe (Austrália), do russo Protey Temen, da canadense Sabrina Ratté, do holandês Levi Van Veluw, da alemã Astrid Rieger e instalações das mineiras Mello + Landini, além de outros muitos nomes.
“A proposta é inserir o Nova no circuito cultural de Belo Horizonte. Possibilitar para a cidade uma fruição de espaço e pensamento para a nova arte. Queremos estar conectados com o todo”, completa a coordenadora do Espaço CentoeQuatro, Inês Rabelo.
Para o curador David Quiles Guilló, a expectativa é manter o Nova BH dentro do circuito. “Belo Horizonte parece ter talento para isso. Acredito na continuidade”, sinaliza. A arte contemporânea agradece. Fonte: Hoje em Dia
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