quinta-feira, 1 de março de 2012

Verdes Anos - leitura imperdível


Em Verdes Anos, temos sete capítulos-conto, sendo cinco na primeira parte da narrativa intitulada “O Lado de Dentro” (“O Outro Lado do Paraíso”, “Cândida”, “Also Sprach Zarathustra”, “O Despertar da Primavera”, “Verdes Anos”) e duas na segunda parte , intitulada “O Lado de Fora” (“A data magna de nosso calendário cívico” e “Não passarás o Jordão”). 
Na primeira narrativa intitulada “O outro lado do paraíso”, acompanhamos uma narrativa própria da literatura infantil. Antônio, pai do narrador protagonista, e que “procurava o país de Evilath, onde nasce o ouro e todas as pessoas são certamente felizes”, um dia resolve levar a família para Brasília, que passaria daí por dia a ser a capital de Evilath. Entretanto, “o país de Evilath tornava-se, a cada dia, um país triste e sombrio”.

“Verdes Anos”, capítulo-conto que dá título ao livro, serve como uma transição e é o que melhor releva uma tentativa de equilíbrio narrativo diante do choque. 
 “Verdes Anos” funciona como um intermezzo, como uma porta para colocar o leitor do “lado de fora”, numa vivência de exterioridade sem introspecção, onde não existe mais Evilath, onde o presidente não poderia ser mais “um homem bom” de antes.
Lendo os contos em sequência acompanhamos a trajetória de Nando da infância à idade adulta. Inclusive, em termos de linguagem e de nível de estrutura, ordenação cognitiva. O romance começa com um texto que muito se assemelha a literatura infantil, linguagem corrida e polida, enredo ordenado, com causalidade, com pouca fragmentação interna, além da vivência num mundo mágico, mítico, utópico, e encerra com uma linguagem informal, carregada de palavrões, com flashes quase sem causalidade, num alto nível de fragmentação formal, e num contexto real, cruel, distópico. Nesta progressão, são as certezas da infância, mesmo num plano maravilhoso, que são destruídas, conforme vai se tornando mais próximo o contato do protagonista com a realidade do país naquele momento histórico.

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