quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Clima vai causar ressacas, doenças e desemprego na Europa”, diz cientista



O agravamento das ressacas marinhas, a fuga de espécies para o norte dos oceanos e o aumento de doenças causadas por bactérias serão algumas das consequências na Europa das mudanças no clima da Terra. Essas são conclusões de estudos que vão ser apresentados hoje, dia 14 de setembro, em um evento em Bruxelas, na Bélgica. Pesquisadores também analisaram a percepção dos moradores de dez países europeus sobre o agravamento desses impactos.

As conclusões são parte do projeto Clamer, fruto da colaboração de 17 institutos europeus de pesquisas marinhas. O relatório que será divulgado é a síntese de mais de 100 estudos, publicados desde 1998, que analisam os efeitos das mudanças climáticas sobre os ambientes marinhos da Europa.

O projeto também busca melhores formas de comunicar as conclusões científicas desses impactos. “Temos acumulado evidências convincentes e perturbadoras sobre as mudanças climáticas”, diz Carlo Hipe, diretor do Instituto Real para a Pesquisa Marinha. “E precisamos comunicar melhor o que temos. Todos devemos prestar mais atenção aos avisos claros dos perigos que enfrentaremos, o que poderá ser considerado uma experiência sem controle sobre o ambiente marinho”.

Coordenados pelo Conselho Marinho da Fundação Europeia da Ciência, os estudos publicados avaliaram os ambientes nos Mares Mediterrâneo, Negro, Báltico e do Norte, no Oceano Ártico e no nordeste do Oceano Atlântico.

Um dos problemas levantados no estudo é a dificuldade em prever com precisão onde os impactos vão ocorrer. Estimar os custos desses eventos é outro problema, pois os cientistas afirmam que alguns dos impactos vão ser generalizados, enquanto outros serão pontuais.

Entre os possíveis impactos previstos para as próximas décadas estão:

Aumento dos riscos e custos com doenças.

Milhões de euros vão ser gastos com despesas de saúde. O consumo de frutos do mar contaminados e as doenças transmitidas pela ingestão de água contaminada, até durante a recreação ocasional, vão ser os princpais responsáveis por esses gastos.
O aumento da temperatura do oceano também pode causar a proliferação de bacterias do gênero Vibrio, que causa gastroenterintes graves e até a septicemia (infecção generalizada).

Danos à propriedade.

A elevação do nível do mar, combinada com ondas maiores no Atlântico Norte e tempestades mais frequentes, ameaça tomar até 500 metros da costa de alguns países. O estudo alerta que 35% da riqueza europeia é gerada dentro dessas áreas. A elevação do nível do mar de 80 a 200 centímetros poderia acabar com países inteiros. Além das inundações e dos danos econômicos, pode haver a migração de populações dessas áreas inundadas, a salinização do solo e da água e a perda de zonas úmidas.

Tempestades mais frequentes e intensas estão projetadas para o Norte da Europa.

As áreas afetadas também incluem uma faixa que vai do sul da Inglaterra ao norte da França, à Dinamarca e ao norte da Alemanha e da Europa Oriental. Os danos anuais causados por esses fenômenos devem crescer 21% no Reino Unido, 37% na Alemanha e 44% em toda a Europa, com um aumento de 104% nas perdas em uma para cada 100 das tempestades anuais.

Redução dos estoques pesqueiros.

Os cientistas do Clamer sugerem a necessidade de redução da pesca comercial na Europa. Isso porque o aquecimento das águas e acidificação dos oceanos alteram o teor de oxigênio da água, fazendo com que muitos cardumes migrem para os oceanos ao norte do planeta. Entre as espécies que podem ser extintas pelo fenômeno estão o bacalhau no mar Báltico e o Aristeus, uma tipo valioso de camarão. A segurança alimentar de países de baixas latitudes vai ficar seriamente prejudicada.

Europeus –

A pesquisa também avaliou o que pensam os europeus sobre os efeitos das mudanças climáticas. O objetivo da análise é encontrar melhores formas de comunicar os resultados científicos encontrados para o aquecimento global.

Foram ouvidos 10 mil moradores de dez países do continente. O estudo revelou preocupação generalizada com as mudanças climáticas. A preocupação com a elevação do nível do mar e a erosão costeira é o maior temor dos europeus.

Cerca de 86% dos entrevistados acreditam que as mudanças climáticas são causadas, principalmente, por causas das atividades humanas.

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